A raposa, o lobo e o cavalo
Uma raposa existia
Jovem ainda, mas astuta
Viu pela vez primeira
Um cavalo diminuta
E dizendo a certo lobo
De natureza matuta:
“Um animal venha ver!
Tão galante e corpulento
Que em nossa terra passeia!
Encantada ainda acalento!
Uma visão se parece!”
Disse para o desatento.
"Do que nós dois é mais forte?"
Rindo o lobo perguntou.
E a raposa respondeu:
“Quem sabe a sorte o enviou!”
Onde o cavalo pastava
A dupla se apresentou.
Ao vê-los, o cavalo
Nenhuma graça sentiu.
Daquelas tais sorrateiras
Criaturas ressentiu.
“Senhor”, declamou a raposa,
“Qual o seu nome?”, pediu.
Como não era bobó
Respondeu-lhes o cavalo:
“Leiam meu nome, senhores;
O ferreiro no seu embalo
Na ferradura o escreveu.”
Mostrando bem seu regalo.
Se desculpando a raposa
Disse que pouco estudou.
“Por meus pais deveras pobres
Para a escola me vetou!
Já os do lobo, no caso,
Que são ricos, frequentou.”
O lobo tanto se achando
Com a tal declaração
Dos dois mais se aproximou
O que custou a adulação?
Um par de coices no vento
E seus dentes ao chão.
Por terra o infeliz rolou
Todo tonto e ensanguentado.
"Irmão", disse-lhe a raposa,
“O que o atingiu acertado,
Desconfiar dos estranhos,
Confirma bem o ditado.”